Armas

A história da espada “jian”

Jian - Espada Kung fu

Nos dois últimos exames de faixa, um de Kung Fu e de Tai chi Chuan, uma técnica em comum, e que só me dei conta agora: o kati da espada, que na língua chinesa se diz “jian”. Nada mais justo que explorar um pouco sobre esta arma magnífica que acompanha a história da China desde os seus primórdios.

A espada “jian” é uma das armas mais antigas e simbólicas da China, sendo considerada a “rainha das armas” e a “arma dos cavalheiros”. Ela tem uma lâmina reta, afiada nos dois lados, com uma ponta aguda para perfurar. A espada “jian” é usada tanto para defesa quanto para ataque, exigindo habilidade, precisão e elegância do praticante.

A origem da espada “jian” remonta à dinastia Xia (c. 2100 – c. 1600 a.C.), quando os primeiros artefatos de bronze foram forjados na China. A espada “jian” evoluiu ao longo dos séculos, passando por diferentes materiais, formas e tamanhos, de acordo com as necessidades militares e estéticas de cada época. Uma das espadas chinesas mais místicas e lendárias é a Jian de Goujian, datada da era das Primaveras e Outonos (771 a.C. a 403 a.C.) descoberta em 1965, na província de Hubei, na China. Dizem que essa espada foi encontrada intacta e até mesmo ainda afiada apesar de ter mais de 2.000 anos de idade.

Durante o período dos Estados Combatentes (501 a.C. – 350 a.C.) foi o período que a Jian começou a ser usada amplamente no campo de batalha, tem-se registro do uso desde o inicio do Período da Primavera e Outono (770 a.C. – 446 a.C.), ou até mesmo de antes desse período. Nessa época, as espadas “jian” eram feitas de ferro ou aço, com um comprimento médio de 90 cm e um peso de cerca de 1 kg. Elas eram usadas principalmente por oficiais e guerreiros de elite, que as empunhavam com uma ou duas mãos, combinando golpes de corte e estocada. As espadas “jian” também eram adornadas com pingentes de crina de cavalo ou fios vermelhos ou amarelos, que serviam para distrair ou chicotear o adversário, além de simbolizar o espírito marcial ou espiritual do portador.

A espada “jian” também tem uma forte ligação com as artes marciais chinesas, especialmente as chamadas “internas” (neijia), que enfatizam o cultivo da energia vital (qi) e a harmonia entre o corpo e a mente. A espada “jian” é a tradução literal do termo chinês taijijian (太极剑), que se refere tanto à um tipo de espada chinesa quanto à pratica de diversas sequências de treinamento com esta espada segundo os princípios do tai chi chuan. O tai chi chuan é uma arte marcial originária do taoismo, que busca o equilíbrio entre os opostos complementares (yin e yang) e a adaptação às mudanças constantes da natureza. A prática da espada “jian” no tai chi chuan visa desenvolver a coordenação, a flexibilidade, a concentração, a respiração e o fluxo do qi (energia) através dos meridianos do corpo.

A espada “jian” também é usada em outras artes marciais chinesas, como o baguazhang, o xingyiquan, o wudangquan e o shaolinquan. Cada uma dessas artes tem suas próprias formas, técnicas e filosofias sobre o uso da espada “jian”. Em geral, elas buscam integrar a espada ao corpo do praticante, fazendo dela uma extensão natural dos seus movimentos. A espada “jian” também é considerada uma ferramenta para o autoconhecimento, a disciplina, a expressão artística e a defesa pessoal.

A espada “jian” é uma arma que representa a cultura, a história e a sabedoria da China. Ela é admirada por sua beleza, sua versatilidade e sua eficiência. Ela é um símbolo de honra, coragem e refinamento. Ela é uma arte que desafia e encanta aqueles que se dedicam a estudá-la e aperfeiçoá-la.

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