Tai Chi Chuan

Um dado curioso sobre o Tai Chi Chuan é que ele também tem como base a natureza e seus princípios, os ensinamentos desta prática estão na nossa relação com os elementos que constituem a natureza e do trabalho consciente com a energia vital.

Esta arte marcial é caracterizada pela suavidade, ritmo calmo e flexibilidade das posturas e movimentos e é utilizada como uma forma de meditação em movimento. E está fundamentado em vencer o rápido através do lendo, o movimento através da quietude e da dureza através da suavidade.

Entre os benefícios que podemos destacar é que o Tai Chi Chuan atua tanto no corpo quanto na mente. A prática propõe alcançar o equilíbrio a todas as partes do corpo: músculos, pulmões, cérebro, coração, respiração e movimentos do corpo.

Em um estudo recente sobre essa arte milenar verificou-se que ela trás rejuvenescimento; acalma e combate o estresse; reduz o nível de açúcar no sangue; abaixa a pressão arterial elevada e diminui o colesterol; faz bem ao coração; melhora a qualidade do sono; recuperação após um acidente vascular cerebral; antidepressivo natural; benefícios para o cérebro e concentração, além de fazer bem para as articulações.

Estilo Yang

O Estilo Yang (em chinês simplificado, 楊氏. Em pinyin, Yángshi.) de Tai Chi Chuan foi criado por Yang Luchan (1789-1872), a partir de modificações que fez no que aprendeu do Estilo Chen com Chen Changxing. Essas diferenças resultaram num estilo executado com maior flexibilidade, força e movimentos suaves, lentos, amplos, interligados, de ritmo homogêneo, sem interrupção, levando o praticante ao limite de suas capacidades sem violência a si mesmo.

Este estilo ou escola de Tai Chi Chuan foi ensinado pelo mestre porém seus discípulos não propagaram seus ensinamentos, ocasionando uma distorção do estilo original. O próprio mestre, quando recrutado a ensinar para o império, não irá ensinar o verdadeiro Tai Chi Chuan, mas uma versão aguada e adaptada a qualquer pessoa.

O verdadeiro Tai Chi Chuan ensinado por Yang Luchan tem suas raízes no xamanismo chinês (Wu), nas práticas parapsíquicas do Taoismo secreto (onde repousa a arte de autodefesa do Tai Chi Chuan), nos treinamentos poderosos do Fa jin (o qual aprendeu dos Chen), das práticas de controle e distribuição da energia e da prática regrada, disciplinada e comprometida do “princípio da não luta”. O princípio da não luta era o aspecto mais avançado da prática de seus ensinamentos. A não luta era a regra rígida e inflexível exigida pelo mestre aos discípulos diretos. Os seus treinamentos eram secretos e realizados numa caverna afastada da aldeia e frequentada por alunos masculinos selecionados.

A semelhança do estilo Yang original com a ioga antiga é total. Em sua obra clássica sobre o Tai Chi Chuan, Catherine Despeux enfatiza uma teoria alternativa para a origem do Tai Chi Chuan, muito antes das teorias tradicionais centradas nos mestres Chang San Feng e Chen Wangting. Nesta teoria, encontramos, ainda nos primeiros séculos após Cristo, evidências seguras de uma semelhança do estilo Yang praticado pelo mestre e daquele relatado por Song Shuming (265-589 d.C), representante da décima sétima geração de Song Yuanqiao. Nesta tese, o Tai Chi Chuan foi transmitido por Xu Xuanping, um método do Tai Chi composto por 37 movimentos executados separadamente, isento de qualquer aspecto de combate. Xu teria aprendido com Cheng Lingxi, que ensinou a Cheng Bi, o qual mudou o nome para Xiao Jiu Tian (p. 19). Na mesma obra (“Diferentes correntes e a origem do método do Tai Chi transmitido pela família Song”), diz que o método remonta a Li Daozi, cujo método se chamava Xiantian Chuan (técnica do céu anterior), transmitindo à família Yum, depois a Song Yuanquiao. E só após a técnica das 13 posturas teria sido transmitida por Zhang Sanfeng. 30 dos 37 movimentos ensinados pelo mestre Yang Luchan são exatamente os mesmos dos descritos na obra acima (p. 20).

A contar da semelhança dos movimentos ensinados pelo mestre com os ássanas praticados na Índia na ioga, e sabendo da comunicação íntima entre China e Índia no passado, ao exemplo de Da-Mo, o qual ensinou ioga e vajramushti aos monges chineses, ao observarmos a execução lenta e potente, elástica e precisa da sequência de Luchan, observamos as raízes não só no xamanismo, mas no vajramushti e na ioga indiana. O próprio princípio da não luta é a não ação taoista, a ahimsa, a não violência, ou o agir de acordo com o Tao.

O ensino secreto do Tai Chi Chuan realizado pelo mestre pode ser comparado às escolas ocultistas do Ocidente e remonta à alquimia chinesa taoista e aos estudos dos mestres Lao Tzu, Confúcio, Buda e outros. Em estudos sobre as sociedades secretas na China, a mesma autora aponta a existência da Yiguan Tao, a qual provavelmente se ligaria a este ensino secreto que incluía a ampla gama de capacidades extrassensoriais, parapsíquicas e transcendentes do ser humano hoje estudadas ainda de forma primária pela parapsicologia e outras ciências como projeciologia e conscienciologia, psicobiofísica e psicotrônica.

O objetivo do Tai Chi Chuan enquanto arte de combate era a autodefesa sem luta (não luta, não ação, não violência). Com o profundo desenvolvimento dos poderes parapsíquicos, da hipersensibilidade, da transparência, da benevolência, da amorosidade, do domínio das 5 fases respiratórias e das 4 refinações da alquimia interna, da flexibilidade, força e potência, da potencialização do corpo, articulações, ossos, tendões e músculos, da liberação contínua do Jin e suas refinações, o praticante poderia dominar então as técnicas de imobilização sem violência do agressor pela (1) paralisação energética do agressor, (2) absorção da energia de violência do agressor (desarmando-o), metabolização da energia pela amorosidade e circulação da energia (tanto a pequena como grande circulação ou instalação direta da potência vibracional) e emissão de energia estabilizada, (3) percepção extrassensorial ou parapsíquica avançada de detecção de perigos, ameaças, violência, intrusões com muita antecipação visando ao desvio pacífico, (4) instalação de campo vibracional visando a impedir sem violência a penetração de qualquer intrusão. E outras técnicas como a projeção consciente para fora do corpo visando a aprofundar a percepção e conhecimento das realidades extrafísicas e extracorpóreas ao redor do praticante, assim como o desenvolvimento da clarividência, visão remota e tudo quanto pudesse dar, ao praticante, a condição de invencibilidade.

Considerando-se suas diversas variações, é o estilo de Tai Chi mais popular e amplamente praticado no mundo atual. É o segundo em antiguidade entre os cinco estilos familiares tradicionais.